Subgrupos do meduloblastoma na Ressonância Magnética

03/04/2024 09:16

A grande maioria dos meduloblastomas (94%) se origina no cerebelo, especialmente no vermis (75%), podendo se estender ao quarto ventrículo e até ao tronco cerebral. 

Na 5ª edição (2021) da classificação da OMS para tumores do SNC, os meduloblastomas são divididos em subgrupos com base no perfilamento da metilação do DNA e/ou do transcriptoma:

- Meduloblastoma, WNT-ativado
- Meduloblastoma, SHH-ativado
  - TP53 wildtype
  - TP53 mutante
- Meduloblastoma, não-WNT/não-SHH, dividido em:
  - Grupo 3
  - Grupo 4

Cada um desses subgrupos tem características moleculares e perfis de expressão gênica distintos, o que influencia tanto o prognóstico quanto as estratégias de tratamento.

Estimativa de previsão dos subgrupos moleculares a partir de imagens de ressonância

A localização é crucial nesta abordagem:

- Hemisfério cerebelar: Provavelmente subgrupo SHH (Sonic Hedgehog), logo, prognóstico intermediário.

OBS: TP53 wildtype refere-se à versão não mutada do gene TP53, que codifica a proteína p53, crucial na prevenção do desenvolvimento de câncer. TP53 mutante indica alterações no gene que comprometem a função da p53, podendo levar à resistência à morte celular e à progressão do câncer. Essas diferenças impactam o comportamento do tumor e as respostas ao tratamento.

- Pedúnculo cerebelar/Forame de Luschka: Geralmente indica tumores WNT-ativados, portanto, melhor prognóstico.

- Linha média: Pode ser grupo 3, grupo 4 ou SHH;

  • em infantes com margens mal definidas, mas realce proeminente, sugere grupo 3 (ou SHH) e, portanto, pior prognóstico;
  • em crianças, margens bem definidas sem realce indicam grupo 4, com prognóstico levemente melhor;
  • em adultos, tumores com definição variável, mais provavelmente SHH; hemorragia aumenta a probabilidade de grupo 4.

 

    • Espectroscopia por RM: Pode ser distintiva:
      • grupo 3 ou 4 apresenta pico de taurina e alta creatina;
      • SHH tem pouca ou nenhuma taurina e baixa creatina.

 

OBS: A colina é um precursor da acetilcolina (ACH) e um componente da membrana celular que é normalmente examinado em espetroscopia de RM e tem sua precessão com desvio químico de 3,2 ppm. A creatina ressona a 3,0 ppm com um segundo menor pico normalmente a 3,95 ppm. A taurina tem seu desvio químico em 3,4 ppm.

O tratamento consiste normalmente em ressecção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia. Em geral, os tumores são bastante radiossensíveis.

O prognóstico é mais fortemente influenciado pelo subtipo molecular:

WNT: muito bom
SHH: crianças têm bom prognóstico, outros são intermediários
grupo 3: pior
grupo 4: intermediário

 

Referências:

1. MRI Surrogates for Molecular Subgroups of Medulloblastoma. S. Perreault, V. Ramaswamy, A.S. Achrol, K. Chao, T.T. Liu, D. Shih, M. Remke, S. Schubert, E. Bouffet, P.G.Fisher, S. Partap, H. Vogel, M.D. Taylor, Y.J. Cho, K.W. Yeom.