Encefalopatia hepática crônica
11/04/2024 12:00
A encefalopatia hepática crônica é uma condição neurológica resultante de doença hepática grave e crônica, que leva à disfunção cerebral devido ao acúmulo de substâncias tóxicas no cérebro que normalmente seriam removidas ou neutralizadas pelo fígado saudável. Na ressonância magnética (RM), os achados clássicos são influenciados pelo acúmulo de manganês e outras alterações metabólicas. Aqui estão os principais achados radiológicos na RM para a encefalopatia hepática crônica:
1. Hipersinal em T1 nos Globos Pálidos:
O achado mais característico na encefalopatia hepática crônica é o hipersinal em T1 nos globos pálidos. Este sinal é atribuído ao acúmulo de manganês, que tem uma afinidade particular por essas regiões do cérebro.
2. Hipersinal em T1 no Mesencéfalo:
- Similar ao hipersinal nos globos pálidos, pode haver hipersinal em T1 ao longo do mesencéfalo, particularmente na região do tegmento.
3. Alterações nos Núcleos da Base e Tálamo:
- Embora menos comum do que nos globos pálidos, podem ocorrer hipersinais em T1 em outras regiões ricas em ferro, como os núcleos da base e o tálamo, refletindo alterações metabólicas e deposição de substâncias tóxicas.
4. Alterações Difusas na Substância Branca:
- Em casos mais avançados ou graves, podem ocorrer alterações difusas na substância branca, visualizadas como alterações na intensidade do sinal em imagens T2 e FLAIR. Essas mudanças podem refletir edema, gliose ou outras alterações microestruturais.
5. Atrofia Cerebral:
- A atrofia cerebral é um achado comum em estágios avançados da doença hepática crônica e pode ser evidenciada por aumento dos espaços sulcais e ventriculares, indicando perda de volume cerebral.
6. Espectroscopia por Ressonância Magnética (MRS):
- A MRS pode mostrar um aumento do pico de glutamina/glutamato, que reflete a tentativa do cérebro de detoxificar o amônia em glutamina. Este aumento é uma característica bioquímica chave da encefalopatia hepática.
A redução de mioinositol frequentemente ocorre em conjunto com o aumento de glutamina/glutamato na encefalopatia hepática. Isso é observado na MRS como uma resposta ao aumento de amônia no cérebro, onde os astrocitos convertem amônia em glutamina como um mecanismo de detoxificação. O aumento de glutamina pode contribuir para alterações osmóticas dentro do cérebro, afetando ainda mais os níveis de mioinositol.
Em resumo, na encefalopatia hepática, a redução dos níveis de mioinositol visualizada por MRS é um reflexo das alterações astrocitárias e das tentativas de manejar as condições osmóticas alteradas dentro do cérebro. A espectroscopia oferece uma visão valiosa sobre o status metabólico do cérebro nesse contexto de doença hepática, ajudando na compreensão da extensão do dano cerebral e potencialmente guiando tratamentos.
Esses achados radiológicos ajudam a confirmar o diagnóstico de encefalopatia hepática, especialmente em pacientes com doença hepática conhecida e sintomas neurológicos consistentes. A RM é útil para monitorar a progressão da doença e avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas.