Caso muito interessante.

Mulher de meia idade, evoluindo com massas cervicais bilaterais e com alterações visuais. Solicitada ultrassonografia cervical para avaliar as massas locais.

*a qual demonstarva múltiplas linfonodomegalias nos níveis IIA e III bilateralmente. Linfonodos suspeitos: arredondados, perda ou afilamento do hilo ecogênico central, com espessamento cortical.

Realizada biópsia excisional linfonodal, que revelou carcinoma. Como sabemos, diante de linfonodos patológicos/neoplásicos cervicais, vêm logo à mente linfoma e metástase de CEC de cabeça e pescoço (faringo-laríngeo). Abaixo a TC de pescoço demonstando os linfonodos e flagrando a lesão primária rinofaríngea.

Lesão primária descoberta. Origem das massas cervicais esclarecida. E o déficit visual? Partimos para a avaliação do crânio, a qual não demonstrou lesões cerebrais ou orbitárias. Mas havia esta grande lesão na base do crânio.

Há outras causas de lesões no seio cavernoso (meningiomas. hemangiomas, macroadenomas), mas com aquela lesão primária, a principal possibilidade era metástase, outra lesão comum dos seios cavernosos. Como ele teria chegado ali? Via hematogênica? Talvez linfática? É o que veremos. Dá uma olhada nos forames da base do crânio e no aspecto contíguo da lesão intracraniana com a primária rinofaríngea:

Vamos recordar da possibilidade de disseminação perineural das neoplasias de cabeça e pescoço (faringolaríngeas) para o compartimento intracraniano. Nesse caso, provavelmente a lesão acessou o compartimento intracraniano junto com o ramo V3 do nervo trigêmio através do forema oval.

Como a lesão invadia a sela túrcica e a região suprasselar, comprimia/invadia o quiasma óptico, gerando o déficit visual.

Caso solucionado: neoplasia de rinofaringe com disseminação nodal (massas cervicais) e disseminação perineural suprasselar afetando o quiasma óptico (déficit visual).

DICA AMMO: diante de uma neoplasia de cabeça e pescoço, não esqueça da disseminação perineural.